09 julho 2012

Entrevista _ Adelson Correia da Costa

* ENTREVISTA - ADELSON CORREIA DA COSTA *


Primeiramente quero agradecer Adelson pelo carinho e atenção , por ter topado  bater esse papo com a gente ... Eu adorei ...


AUTOR DO LIVRO - FLORES DE RUANDA


1_ Adelson , Flores de Ruanda é seu primeiro livro , de onde surgiu a ideia de escreve-lo?
Em 1994 escrevi um conto chamado “Chope no Lebron”, que versava sobre a atuação de uma médica em um campo de refugiados do Genocídio Ruandês no Congo. Anos depois, em 2009, abri meu baú e resolvi mexer neste trabalho. Daí surgiu o romance As Flores do Ruanda.


2- Dr Isabelle, um personagem forte, de fibra; você se inspirou em alguém próximo?
Tenho tido uma prazerosa relação de encontro e desencontros com as mulheres. Sempre me dei melhor com elas que com os homens. A Dra. Isabelle é fruto desta convivência com o sexo oposto e do meu entendimento de como funciona a cabeça de uma mulher. Logicamente, a literatura passante pelas minhas mãos ajudou-me a caracterizá-la. Se eu tivesse que escolher uma influência literária para esta personagem eu optaria pela Scarllet O´hara de “E o Vento Levou”. A semelhança entre as duas está justamente na fibra que você cita. Porém, a Dra. Isabelle é mais aguerrida e preparada que a Scarllet, por ter, na medida do possível, os recursos para se defender do meio agressivo em que se meteu por azar.

3- Que intuito o levou a escrever e buscar uma editora para publicar FLORES DE RUANDA ?
A crença de que escrevera um bom livro. Se eu não julgasse este livro uma leitura recomendável, nunca o exporia ao público.


4 – Depois desse sucesso, e um livro tão precioso , tem outros projetos ? Pode nos adiantar alguma coisa ?
Sim, tenho duas linhas de atuação:
A primeira, obvia, passa pela continuação de As Flores do Ruanda por meio de um livro que se chamará “Congo” ou “A Guerra do Congo”, que foi o fato histórico para onde desaguou o Genocídio Ruandês.
A segunda surge da necessidade de escrever um livro menos denso que “As Flores do Ruanda”, para me encaixar no mercado literário brasileiro. Aquilo que chamamos de “empurrãozinho”. No bom sentido, um livro “pega-leitor”. A blogosfera me deu a visão de como deve ser fisicamente e literariamente este trabalho, que tanto agrada às editoras, livrarias e leitores: Ter um máximo de 150 páginas, conter poucos personagens, refletir as relações do dia a dia, apresentar uma mensagem de otimismo e alternativas para nossos dilemas existenciais etc, etc... Obviamente escrito com qualidade profissional.


Jogo rápido
 
COR : Amarelo – Trabalho nos Correios. Deve ser por isto que gosto desta cor.

LIVRO PREFERIDO:
“Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marques, meu mestre e objetivo. No dia que eu escrever um livro igual a este, paro e pego o beco.


PASSATEMPO:
Pensar. Perco, ou ganho, muito tempo fazendo isto. Tomo uma cerveja e viajo sem rumo por horas. Sou muito introspectivo.


COMIDA:
Peixe. Tenho nojo de sangue vermelho. Caldeirada de peixe é bom.

DEUS :
Tenho uma relação criteriosa com o sagrado. Gosto de vê-lo na prática. Leio muito sobre o Universo. A opção religiosa para a ignorância científica é tentadora, mas não podemos embarcar cegamente numa crença qualquer. Ser ateu também não resolve nada; apenas acrescenta uma dúvida infinita a uma questão fundamental. Nunca seria ateu, pois não acho justo, simplesmente, negar o que não se entende.
Minha relação com Deus não é passiva. Eu a reconstruo sem parar. Aproximo-me do Budismo e da crença indígena na natureza. Eram sábios nossos antepassados. Deus é o universo em si recriando-se em explosões de supernovas. Somos feitos de poeira de estrelas, exceto nosso pensamento, única coisa autêntica que temos. Não busco Deus em livros, pregação, orações ou credos milenares. Ele vem se revelando para mim, aos poucos, por sinais no mundo à minha volta: na chuva onde há seca, no amor onde havia ódio, na luz sobre treva. Gosto de pensar num Deus ladeiro, de ombro largo, útil aos que sofrem agora e não num que prometa o paraíso aos sofredores. Para mim, estar com Deus é arregaçar as mangas contra as injustiças. O resto é egoísmo.


ALGUEM:
O próximo amigo, a nova conquista. Os outros seres, ou não me dirão respeito ou já os trato bem. Pensar nos que virão faz-nos mais cuidadosos. Nós sempre arrumamos a casa antes de recebermos visitas.


5 – No livro qual personagem mais se identifica com você, diga nos quem lembra mais Adelson Correia ?
O personagem que mais me agrada é o twa Mukono. Na minha opinião, ele é o mais autêntico nesta história. Rebela-se contra a discriminação que sofre a sua gente. É uma luta desigual, por ser ele um pobre pigmeu e por ter contra si toda a sociedade ruandesa. Aliás, tenho planos literários para o Mukono, talvez algo a nível de quadrinhos. Quanto à segunda pergunta, ninguém neste livro se parece comigo, pois não sou um bom assunto.

6 – Estará presente em algum evento? Bienal? Diga-nos e convide nossos seguidores.
Estarei representado na Bienal de São Paulo pelo livro As Flores do Ruanda e por outro decorrente de uma coletânea de textos elaborada pela minha editora, a LivroPronto.
Fui convidado para fazer parte do estande da editora, mas não irei, pois teria que custear minha estada em São Paulo. Prefiro esperar por tempos melhores, quando meu trabalho estiver estabelecido.


7- Contatos com Adelson, como seus fãs podem lhe encontrar, ou adquirir seu livro?
 *O pessoal pode me encontrar 
E-mail: adelsonletras2010@hotmail.com


Facebook:


Página do livro:


Blog do livro

* O livro pode ser adquirido na página da editora LivroPronto:


Na Livraria Cultura, nas suas lojas ou no link:



8- E por último, mas nem por isso menos importante, queria pedir que você deixasse uma mensagem para os leitores do blog.
Todo leitor é, já foi ou será um escritor, nem que seja ao rabiscar um papel de embrulhar tomates. Ser, formalmente, publicado não é atestado de qualidade. O conselho que deixo para os leitores é que encontre o seu tempo de escrita, o seu jeito e a sua forma de dizer as coisas e os desenvolva. O talento vem de berço, mas o estudo e o esforço supera tudo. Há muita coisa por ser dita e os escritores atuais não dão conta disto tudo. Não espere que alguém venha a escrever a sua verdade ou a que acredita, faça-o você mesmo.




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